Jardim de Flores — Parte 2/3

Crônicas A Mais
7 min readMay 29, 2023

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Créditos: labellecicatrice @labellecicatrice.art

Gabi

A fila de entrada andava.
Tentei dar a mão para Flor, mas ela se afastou quase que sem querer.
Parecia apreensiva, como se não quisesse ser vista comigo.
Suspirei decepcionada. Ela nem notou.
Flor parecia mais jovem com seu visual despojado: uma regata preta e uma calça jeans. Um umbigo aparecia desafiante entre o fim da camisa e o começo da calça. Só pensava em beijar novamente aquela barriguinha deliciosa.
Talvez eu estivesse me apaixonando, porque não lembro de algum outro umbigo pedir meus beijos como o dela pedia.
Eu estava mais arrumada, até porque não esperava ter que usar roupas casuais na viagem a trabalho.
Ironicamente, alguém de fora poderia falar que eu era a mais velha do grupo, com uma camisa verde de botões e uma calça de trabalho bege. Até tinha prendido meu cabelo em um coque elegante.
“Já pensou se a gente trocasse de personalidade quando goza com outra pessoa?”
Flor virou-se, incomodada com aquela conversa em um lugar público.
“Que que você tá falando?”
“Olha pra gente: eu tô toda séria e você toda cool.
“Eu quis usar algo confortável. Tá calor.”
A fila continuava andando, cada vez mais próxima da entrada.
“Se estiver com calor, eu posso te ajudar a tirar essa roupa.”
Flor sorriu, como se imaginando algo indecente, mas não falou nada.
Logo entrávamos em um teatro quase cheio, que aguardava o show.
Para minha surpresa, a maioria do público era mulheres.
“Nada a se preocupar, tá vendo, Flor?”
Alcancei sua mão novamente e dessa vez ela não se retirou, apertando minha mão de volta.
“É, talvez…”
O show começou.
Entre luzes foscas e músicas lentas, deixei-me levar pela atmosfera melancólica do ambiente.
O teatro começava a se preencher com diferentes fumaças, sentia cheiros de becks, cigarros, mentolados, e outras variedades de enrolados.
Flor também parecia relaxar, e ficamos de casal durante a primeira meia hora, abraçadas e balançando ao som suave do acordeom de Jeneci.
Tulipa entrou no palco logo após e sua simples presença já elevava a moral do público.
Flor exclamou: “Que mulher gata”.
Abracei-a por trás e deitei um beijo em sua bochecha: “Ela é né?”
A cantora carregava um charme suave em seu canto, e sua voz mexia com a gente. Eu podia perceber a emoção do público na respiração de Flor, que acelerava a cada canção.
Com um grande aplauso no fim da canção, Flor se virou e me beijou.
Nem ouvi mais as palmas, me perdi inteiramente naquela boca.
Fui despertada por ela, Clara Brüher, que nos encontrou sorrindo.
“Finalmente achei vocês.”
Flor ajeitou o cabelo, como se tentando se esconder por trás do corte Chanel.
“É, nos achou.”

Créditos: labellecicatrice @labellecicatrice.art

O ambiente pouco iluminado não fazia juz à sua roupa: o vermelho de seu short jeans mal aparecia por debaixo de uma larga camiseta branca que cobria seu torso inteiro.
“Por favor, não me deixe interromper. Vou pegar uma cerveja e já volto.”
Flor atravessou-a com o olhar, fazendo uma risada cínica.
Eu tentei voltar ao clima, acariciando seu cabelo enquanto a abraçava por trás.
Lembrei da conversa entre eu e Flor. Ela já tinha beijado aquela mulher. Provavelmente já tinha feito muito mais que isso.
Não pude deixar de imaginar elas se pegando. Quem que costumava chupar quem primeiro? E quem gozava primeiro nos dedos da outra? Claro que pensar nisso me deixava extremamente excitada.
Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci cortaram minhas fantasias com suas canções e músicas autorais.
Clara voltava com um balde de cerveja, em oferta de paz.
Começamos a beber. Clara parecia não se importar em ficar de “vela”, tentando manter uma distância, talvez para que eu ou até mesmo Flor não se sentisse desconfortável.
Mesmo assim, não pude deixar de notar seus olhares carinhosos e interessados enquanto eu e Flor nos abraçávamos e ocasionalmente beijávamos.
Flor foi ao banheiro e me deixou a sós com aquela curiosa mulher de cabelo branco raspado nos lados.
Clara se aproximou e sussurrou no meu ouvido uma proposta indecente. Eu sorri e concordei.
Flor já retornava, arrumando seu cabelo.
Notei que o balde de cerveja estava cada vez mais vazio. O tempo parecia derreter junto com os cubos de gelo.
Em uma música lenta, Clara se aproximou lentamente de Flor, que fingiu que não nos viu.
Abraçou Flor por trás enquanto ela colava seu corpo no dela.
As duas me olharam com uma cara de safada que foi o suficiente para deixar meu corpo em frenesi, tremendo de expectativa. Já sabia para onde a noite se encaminhava, e isso me excitava.
Nós nos posicionamos uma de cada lado, e começamos a abraçar Flor, embalando em uma dança lenta.
Já sentia meu ventre aquecido de excitação quando comecei a beijar as mãos de Flor com carinho.
Clara foi mais agressiva, partindo para o pescoço de Flor.
O show estourava em acordes e melodias no ar, quase tão intensas quanto nossa vontade.
Não ouvi o gemido de Flor no meio do show, mas via sua boca se entreabrindo de prazer. Continuamos nossas carícias secretas naquele jardim de gente, abraçando e acariciando aquela no meio de nós.
Flor alcançou com uma mão em cada uma, como se tentando se ancorar para não se afogar no mar de prazer.
Não demorou para que nossas bocas se juntassem em um delicioso beijo triplo. Não lembro de ver mais nada, nem quanto tempo durou, só lembro do doce gosto de bala, cerveja e cigarro entre as três bocas.
Foi minha vez de gemer.

Créditos: labellecicatrice @labellecicatrice.art

Já estava alta quando saímos do show, mal mantíamos nossas mãos fora do corpo da outra.
“De volta ao hotel?”, Clara perguntava.
“Acho que sim.” Respondi, mordendo o lábio.
Clara entrou rapidamente no carro. Esperei para ver o que Flor iria fazer, como se esperando aprovação. Ela gesticulou para mim e foi na frente.
Eu e Clara no banco de trás.
Será que ela queria que eu tivesse mais intimidade com Clara? Mal sabia ela que eu já sentia meu ventre cheio de vontade e minha mente cheia de fantasias eróticas.
Clara parecia ler meus pensamentos, pois furtivamente acariciava minhas coxas no escuro do carro enquanto voltávamos ao hotel.
Engoli em seco, tentando não gemer. Flor percebeu os movimentos de Clara e nada disse, mas sorriu, aprovando.
Mas estava muito tensa para aproveitar.
Por sorte, resisti bravamente às carícias íntimas de Clara e chegamos rapidamente no hotel.
Flor foi cautelosa: “Querem ir cada uma num elevador?”
“Quem se importa? Não tem ninguém por perto”.
Subimos as três no mesmo elevador.
A espera só me deixava mais ansiosa. Imaginava como seria a textura da calcinha de Clara por baixo de seu jeans vermelho, e como o corte Chanel bagunçado de Flor ficava lindo em seu rosto quando ela gozava.
Alcançamos nosso andar. Peguei o cartão do quarto e abri a porta.
Mal entramos quando senti as duas em cima de mim.
Flor fechava a porta atrás enquanto Clara já explorava meus corpo, beijando meus peitos por cima da minha camisa verde. Era o melhor tipo de emboscada.
Foi a vez de Flor de colar meu corpo no meu, me abraçando por trás.
Pressionei contra ela, coladas à porta do quarto de hotel. Flor beijava meu pescoço, deixando minha buceta melada de tesão.
Minha mão já sentia o cabelo raspado de Clara enquanto ela afundava seu rosto entre minhas pernas ainda cobertas.
Eu estava em algum tipo de paraíso sáfico.
Clara despia minha calça bege, olhando para cima com uma cara de safada, Flor abria minha camisa de botões verde. Uma boca procurava outra enquanto nossas roupas se jogavam no chão: a calça jeans de Flor, sua regata preta, o shortinho vermelho de Clara e finalmente, sua camiseta branca larga.
Alcançamos a cama só de calcinha. Sentia os mamilos de Flor endurecidos em minha língua enquanto Clara atacava a calcinha de Flor, sóbria de tesão.
Ela sorria, abrindo os olhos apenas para nos presentear com o olhar mais penetrante do mundo.
Nossas carícias eram generosas, cada uma brincando com o corpo da outra. Eu via as costas de Clara arrepiar enquanto Flor beijava sua bunda.
Não conseguíamos só receber prazer. Tínhamos que dar.
Clara pulava em cima de mim, acariciando minhas pernas.
Depois deitamos Flor e nos ocupamos de seus peitos, uma boca em cada. Era divertido ver ela rebolar no ar, como se fudendo com uma quarta participante invisível, implorando para ser comida.
E logo depois foi minha vez. Clara, a mais agitada do grupo, aproximava-se de mim por trás, botou minha calcinha para o lado e brincou com meu cu.
Pisquei em seus dedos que circulavam minha bunda e minha buceta.
Flor se ocupou de meu clitóris por debaixo de mim, e quase caí da cama de tanto tesão.
Tentei em vão manter meus quatro apoios na cama. Desisti e fiquei deitada de lado, tentando alcançar a calcinha de tecido áspero de Clara, e gemi ao sentir como ela estava molhada.
Não havia espaço para palavras naquele quarto, apenas gemidos.
Flor tirava sua calcinha azul escura e jogava divertidamente na minha cara.
Clara explorava cada vez mais minha buceta com seus dedos impiedosos enquanto Flor lentamente montava na minha cara.
Gemi com sua buceta melando meu nariz, boca e queixo.
Ela fodia minha cara, esfregando sua virilha em minha boca, rebolando em cima de mim.
Clara foi a última a começar a gemer, como se finalmente se entregando a meus dedos que retribuíam o prazer que ela despertava em mim.
Começou a me chupar, naquela covardia sem nome com seus dedos e sua língua em minha buceta.
Flor foi a primeira a gozar, tremendo em cima de mim enquanto sentia seu mel inundar minha boca.
“Que filhas da puta”.
Respiramos.
Era hora de pegarmos uma água no minibar.

Créditos: labellecicatrice @labellecicatrice.art

3 de fevereiro de 2023

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