Somnophilia

Crônicas A Mais
7 min readDec 27, 2022

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Créditos: Andrew Haye @adothaye.art

Olhei o relógio. Ainda faltava algumas horas para que ele chegasse.
Era apenas mais uma viagem de trabalho, mas dessa vez eu o aguardava ansiosamente.
Por quê?
Naquelas últimas semanas trocávamos mais mensagens do que nunca. Eram aparições de "bom dia", "como você está", "o que fez hoje", todas intercaladas com o melhor que um casal cheio de tesão acumulado poderia oferecer.
Nossa vontade vazava incauta nas pequenas letras da tela do celular. Trocávamos fetiches, ele me falava o que iria fazer comigo, eu falava que estava molhada só de pensar.
E sempre que ele voltava de viagem era aquela transa nervosa. Eu me atirava em cima dele até sentir seu cheiro em meu corpo inteiro.
Não havia espaço no meu apartamento no qual nós não tivéssemos transado, fazíamos reprises eróticas pela sala ou quarto.
Ultimamente, entretanto, sentia-me mais corajosa para expor uma vontade minha.
Não era uma vontade nova, pelo contrário, já havia perdido as contas de quantos sonhos eróticos eu tivera sobre.
Entre meus devaneios, botava minha roupa de dormir: um vestidinho (ou uma camisa excepcionalmente longa) branco com barras rosas na gola e nas mangas.
Sem sutiã, queria deixar meu corpo respirar, pra variar.
Por último, a peça mais importante da noite: uma calcinha verde, de tecido fino.
Lembrei-me de nossa conversa:
"Verde que nem semáforo, para não ter dúvida."
Deitei-me na cama, cobri-me diligentemente na noite fria, e me despedi do meu boy por mensagens.
"Até logo, chuchu"
"Até breve, gata"
Deixei o celular de lado e procurei relaxar.
Estava ansiosa demais para dormir. Pensei em pedir ajuda para meu fiel vibrador que guardava do lado da cama, mas resolvi conservar meu tesão para ele.
Relembrei sonhos e fantasiei com transas futuras. Com sorte, pelo menos um deles iria se realizar hoje, pela primeira vez em minha vida.
Os sonhos sempre começavam comigo meio acordada meio dormindo e antes que me percebesse inconsciente, já estava sonhando em um sono que vinha.
E nessa inconsciência branda eu ouvia ele abrindo a porta do meu quarto e lentamente entrando em nossa cama, aproximando-se de mim com seu corpo recém-refrescado do banho.
Em meu sonho, ele achava que eu estava dormindo, mas não podia ter certeza. Isso, entretanto, não o impedia de se encaixar por entre minhas coxas, em uma conchinha perfeita.
A tensão me eletrizava. Queria ver até onde ele iria sem ver se eu estava acordada. Parte de mim queria ser comida logo ali e naquela hora, sentir seu pau deslizando por dentro de mim, me preenchendo.
Só de imaginar já sentia meu corpo pedindo para ser tocado. Calma, pensei, não adiante as coisas.
Eu sentiria tudo vividamente em meu delírio desacordado, seu pau roçando em minha bunda, sua respiração ofegante, denunciando seu tesão.
Até ele finalmente levantar meu vestido, removendo uma a uma as fronteiras de tecido que separavam meu órgão do seu…
Como tudo era muito novo para mim e para ele, resolvemos criar alguns protocolos.
Primeiramente compartilhei um “meme” descompromissado que ilustrava uma conchinha com alguns dizeres sobre os "perigos" de dormir naquela posição.
Os perigos, obviamente, eram nada perigosos. Deliciosos, na verdade. Afinal, éramos dois adultos com consentimento.
De todo modo, convencionamos que, caso eu estivesse disposta no dia a brincar com isso, usaria uma calcinha de uma cor específica. Qualquer outra cor de calcinha, ou a falta dela, representaria que aquele não seria o dia.
Dormindo ou não, falei para ele que ele teria liberdade para fazer o que geralmente fazemos acordados. Ele achou a ideia interessante, e resolvemos praticar.
Nada melhor para a inauguração do nosso jogo do que seu retorno após três semanas fora de casa, na Irlanda.
Não lembro se estava acordada ou sonhando, imersa em memórias, mas subitamente ouvi a porta abrir. Estava tão ansiosa, aguardando aquele momento, que despertei, mas me mantive imóvel.
Como em meu sonho, ele preenchia o quarto com seu aroma doce do sabonete que usávamos.
E ele levantava o edredom para entrar em nossa cama.
E ele, sem dizer nada, abraçava-me por trás, ajustando seu corpo para encaixar comigo.
Sorri no escuro. Já sentia que ele ja estava duro quando ficou de conchinha, mesmo com sua bermuda e e eu de vestido.
De olhos fechados senti uma luz iluminar o quarto. Ele pegara o celular ao lado da cama e usava a lanterna para algo. Para ver a cor da minha calcinha, talvez?

Créditos: Andrew Haye @adothaye.art

Dito e feito, pois ele se afastava de mim, remexia no edredom, e sentia um frio de brisa que roçava minhas coxas descobertas.
Esperei de olhos fechados para que ele entendesse a mensagem.
Agora experimentava a tensão em saber se iria seguir em frente ou não. Estava tão excitada que tinha certeza que minha calcinha estava encharcada. Será que isso iria atrapalhar a ilusão? Rezei que não e me mantive imóvel.
Ouvi ele guardando o celular e novamente se encaixou comigo.
Minha vontade de rebolar em seu pau e o provocar era enorme. Tantas vezes que já havia feito isso, era quase um reflexo natural.
Mas me contive, e deixei que ele tomasse a iniciativa, para variar...
Ele começou lentamente, acariciando minhas costas com a ponta dos dedos... Tentei controlar minha respiração enquanto ele afastava meu longo cabelo de meu pescoço.
Senti seus quentes lábios beijando minha nuca. "Filho da puta..." Estava cada vez mais difícil não me mover.
Um gemido passeava pela minha garganta, como um gole de um bom vinho a ser saboreado. Queria gemer, queria reagir, mas me mantive quieta.
Ele continuou com seus beijos molhados enquanto seus dedos passeavam pela lateral do meu corpo, descendo até encaixarem em meu quadril.
Apertou meu quadril e se projetou cada vez mais perto de mim. Seu pau pulsava por dentro de sua bermuda moletom. Perguntei-me quanto tempo aguentaríamos...
Ouvi um gemido abafado enquanto seus dedos desciam cada vez mais, hesitantes, passeando agora por minhas coxas e pernas.
Sentia que o mistério da incerteza o excitava tanto quanto a mim. Afinal, tudo tinha um ar de proibido.
Lentamente subiu minha camisola com uma respiração pesada. Parou de me beijar, como se concentrado.

Créditos: Andrew Haye @adothaye.art

A tensão no ar era palpável. O silêncio só acentuava nossa excitação. Queria sentir se ele estava tão duro quanto eu estava molhada.
Com seus dedos trêmulos, puxou a calcinha e esfregou minha buceta com o tecido. Isso sempre me deixava maluca. Já tava doida pra sentar nele. Controlei-me e sorri no escuro, sem que ele me visse.
Meu corpo tremia de excitação. Estava tão excitada que sentia que ia gozar assim que ele começasse a meter.
Ouvia o roçar de tecidos enquanto ele tirava sua bermuda leve e botava pro lado minha roupa íntima verde.
Gemi como se sonhando enquanto ele esfregava seu sexo em meus lábios.
E ele gemeu enquanto deslizava para dentro de mim, recheando minha buceta com seu pau.
"Caralho", gemi em pensamentos enquanto ele se encaixava cada vez mais fundo dentro de mim.
Começou a meter de ladinho enquanto beijava meus ombros e pescoço.
Quando ele agarrou meu quadril de novo com aquela fome de fuder, não resisti, senti minha buceta encharcar de tesão.
Ouvi um risinho de satisfação e ele continuou a meter.
Já gemia mais alto enquanto a nossa conchinha ficava cada vez mais safada. Ora seus dedos me apertavam no quadril, peito, pernas e pescoço, ora acariciava meu corpo com carinho. Eu amava essa dualidade e sensibilidade.

Meu corpo se mantinha elétrico na transa toda enquanto fodíamos, como se num estupor prestes a gozar.
E cada vez que eu reprimia minha vontade de gemer, de rebolar, de quicar naquele pau gostoso, mas excitada eu ficava. Meu corpo já começava a tremer involuntariamente, e sabia que eu estava prestes a gozar.
Continuei gemendo baixinho enquanto ele lentamente se impulsionava para dentro de mim. Sentia seu suor no peito misturar com o suor de minhas costas. Não estava quente, mas o tesão era tanto que nossos corpos pediam para abrir seus poros.
Mudando o ritmo, ele começou a rebolar, devagar e tão profundamente.

Créditos: Andrew Haye @adothaye.art

Seu pau massageava minha buceta como só ele sabia fazer. Imaginei alcançando seu cabelo por trás e puxando para dentro de mim, mas nada fiz enquanto ele nos satisfazia.
Começou a acelerar, e eu sentia que ele queria gozar. Mais gemidos, mais forte, "me aperta, vai", como se ele lesse meus pensamentos.
Imaginando que sentava nele, gozei subitamente, controlando ao máximo meu corpo para não atrapalhar nosso jogo de inconsciência simulada.
Seu gozo quente me preencheu, pulsando em ondas de prazer dentro de mim enquanto sentia seu corpo se retesar em um profundo orgasmo.
Continuamos por alguns minutos enquanto ele lentamente se acalmava. Deu mais um beijo no meu pescoço e me abraçou por trás, carinhoso como sempre éramos após uma transa daquelas.
Dormimos assim, com seu pau dentro de mim, como ele sabia que eu gostava.

Na manhã seguinte, era minha vez de me satisfazer. Durante a noite botou de volta a bermuda azul escura estampada de "z"s pequenos. Era inconfundível: aquele era seu código de consentimento entre nós.
Peguei um elástico na cabeceira, amarrei meu cabelo.
Enquanto ele ainda dormia, abaixei sua bermuda e satisfiz minha outra saudade: comecei a chupar.

Agosto de 2022

Créditos: Andrew Haye @adothaye.art

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